Maria Cheung |
Sentado no meio da
escadaria
vejo pernas apressadas,
rede de varizes impressas,
solidões exaustas
em cestos vazios de
cheiros alheios,
mãos sem enlace
do primeiro ao último
degrau,
dominicais famílias em
trânsito
tangidas como fantasmas
migrantes.
Mesmo a velocidade
das mais portentosas
parece carregá-las a um
ponto obscuro
além da ladeira torta
do morro em disputa.
Quanto peso carregarão as
minhas pernas?
Como aguentam as montanhas
dos meus arcanos
e suas avalanchas
sangrentas
de álcool, gelo, lava e lama?
Esse silêncio estufando a
pele
ao limite da explosão?
A desorientação de quem
sabe aonde não ir,
mas não sabe para onde
ir?
Minhas pernas presas
eternas
presas
dos meus naufrágios.
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