sábado, 8 de março de 2014

Poema

Pintura de Daniel Senise




















Abrir a lâmina da pupila,
sair do papel, reter
do tempo a parte queimada,
segurá-la e as asas
– obrigá-las ao sossego.
Silenciar por segundos
como antes de um crime,
não mais quebra-gelo
demolindo moinhos de vento.
Cena estática e nua;
momento de repouso,
descanso de equilibrista,
instantâneo no bolso furado,
fotografia de um minuto
destilada no olhar descrente
de todos os outros minutos da vida.


28.04.77

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