segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

a.6




escadas paredes portas janelas assoalho teto nunca mais os mesmos pois não era um casal de tarde de domingo em visita furtiva percebera desde o início nos olhos amêndoas havia âncoras a acenar demorada estadia percebera a língua lambendo os lábios como se dissesse “ego te removebo, ego te humiliabo, ego tibi multas neces impendi praecipiam” por que se apoderar de uma alma de mil remendos para removê-la como o suor de corpo febril se nenhuma escada alcança a altura do desejo por que fazer alguém sofrer humilhações em praça pública enquanto descasca uma laranja com requintes de cortesã homicida por que matar alguém em câmara lenta se o filme não será exibido em lugar algum a não ser no banheiro imundo entre água espuma e esperma uma corrente de ar fria ingressara na casa as palavras saíam pesadas e úmidas em frases que já não chegavam a qualquer destino como os livros escritos para cupins sobre a mesa como o de Guilherme de Tours aberto em página infamemente antecipatória do encontro inesperado os poemas levados por uma bicicleta lilás para o lixão da cidade uma corrente de ar vinda das terras baixas da acídia e da divagação contaminara todo o trabalho trazendo paralisia regurgitamento pestilência  


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