quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Narrativa a caminho da queda





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48 degraus rangiam pesadelos o peso dos pêndulos tiquetaqueavam horas em fendas as paredes de pinturas superpostas como camadas de tragédias de eras glaciais nós mesmos em outras estações inabitáveis temporais todos os cômodos mofados da casa em cacos nos pés descalços pois era assim a nossa dança o nosso olhar ainda não contaminado do bafio rançoso a emanar das tábuas do assoalho balaústre parapeito portas de duas bandas trincos destinos aferrolhados nada apontava os grilhões grisalhos mas tudo já estava posto na mesa do filho do amoníaco e do carbono podia ser entrevisto na fumaça da cannabis sativa madrugada a fora vejo agora dentro do riso e do sol nascente ácaros e fungos tecendo o pântano na alma

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