segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Doze haicais





















I
Camaleão imóvel
escreve eternidade
no muro em ruínas.

II
No céu de setembro
se abre um perfume. Estrela,
gêmea de flor.

III
No muro pichado
preguiçosa lagartixa
espicha o rabo.

IV
Calor e formigas.
Colar no círculo escuro
cantos de água clara.

V
Neblina espalha
blindagem na mata virgem.
O sol traz a chave.

VI
Vulto sem asas
o uirapuru de plástico
e pilha. Pilhagem.

VII
Rasura nas nuvens
o sol. Um sorriso imenso
lava-se na chuva.

VIII
De gala o azul
no céu, anjos e azulejos
amanhecem luz.

IX
Flor de hibisco, rosa
à sombra de muro âmbar,
inflama a manhã.

X
Um sol tangerina
faca de brasas em casca
corta gomo a gomo.

XI
O cravo e a rosa
porfiam. Aromas farpados
ferem a poesia.

XII
A lua alta e nua
anula as sombras - no céu
gira luz redonda.


Nenhum comentário:

Postar um comentário