quarta-feira, 15 de maio de 2013

Quinta incursão à carne






O que salta dos olhos não são imagens de pêndulos sobrevoando a orquestra de notas falhas, quando descemos dois tons ou quando o si bemol atravessa as paredes para auscultar corpos despojados de sonhos no madeirame tomado por cupins no cômodo ao lado. Também irrompem sobre as pequenas hortênsias desenhadas em lençóis noites de interferências e assimetrias entre tesão e batalha, noites em que saltamos tigres, atravessamos o vácuo e caímos de costas, sem garras, vendo o olhar de escárnio da presa que nos escapa. Tanta espera e urgência inscritas em coxas morenas anatematizam a lança que não alcançou o alvo. Uma cidadela de portas abertas na cama expele seu pavor mais fundo, os lábios grandes e pequenos da vulva secretam, em impura resina e rancor,  todo o léxico uterino do inferno e, inflados de sintaxe homicida, sopram insultos ao falo. Os deuses e os homens brocham com a cara na lama.


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