segunda-feira, 4 de março de 2013

Aerografias

























I

Antes que anoiteça
um voo estende os limites
do azul em tapetes.

II

Dez leves, alados,
luminosos bailarinos
grafitam o espaço.

III

Aeropacto - dois
pássaros,  puro esplendor,
um único traço.

IV

Curvas fechadas
no céu. Chumbo no cobalto
azul. Mancha nas asas. 

V

Um pássaro canta
por não poder costurar
a manhã ao corpo.

VI

O risco do pássaro
não é naufragar o voo,
mas amar à míngua.

VII

Pássaro no fio
desfaz fios da tristeza
ao se fazer canção.

VIII

No apogeu do voo
tomba beleza incabível;
ave em queda livre.

IX

Pássaro minúsculo
mira muros, mil muralhas;
cidade sem canto.

X

Eles passarão,
eu, nem sombra de Quintana,
saio de fininho.

XI

Não sei se perdoo
o plano b do meu voo:
queda radical.

XII

Óleo negro e espesso
no bico. Escorrem do espelho
águas do progresso.


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