sábado, 5 de novembro de 2011

Poeta em órbita





















José Antônio Cavalcanti



Nasa anuncia lançamento
próximo projeto:
poeta pancada no espaço.

Investimento a fundo perdido,
cientistas resistem à excentricidade,
périplo complexo,
parafusos a menos cabeça confusa semifusa
coloquem em risco segurança operação.

Diretora lab(oratório) experiências cu-estelares
(capaz mandar tudo para espaço)
fixou órbita dez anos luz de ausência,
perpendicular à solidão das galáxias
e ao silêncio dos in-sem-saltos.

Em alguma estrela anã,
ou nebulosa,
ou pulsar,
ou quasar,
cosmonáufrago irradia mágoas cósmicas
matéria negra, dor, gosma
em garrafas de raios gama e conhaque.

Astrônomo jura ter visto
último estágio corpo poeta
boiando constelação líquidos universais.

Um comentário:

  1. Metaforicamente perfeito com os destemperos da humanidade! Parabéns! Abraço, Célia.

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